Mais de 1 milhão de brasileiros vivem nos EUA, segundo o Itamaraty

Busca por melhor condição de vida leva brasileiros a viverem ilegalmente nos EUA


A estimativa do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) é de que haja mais de 3 milhões de brasileiros morando no exterior. Desses, um milhão e quatrocentos mil estão somente nos Estados Unidos. A maioria busca desenvolver sua carreira profissional ou mesmo ter uma vida financeiramente mais estável.

O brasileiro que emigra nos dias de hoje para os Estados Unidos é proveniente da classe média baixa, a chamada classe C. A maior parte tem ensino médio ou curso superior e é oriunda de centros urbanos, principalmente do Sudeste e do Centro-Oeste. A maioria entra no país com visto de turista. A busca por melhor renda, mais qualidade de vida para os filhos e segurança nas grandes cidades está entre os fatores que levam brasileiros a sair do país e viver nos Estados Unidos.

“Vemos um número crescente de brasileiros [da classe média] que chegam em busca de qualidade de vida e que temem a violência urbana no Brasil”, argumenta o pesquisador Álvaro Lima, autor do livro Brasileiros na América.

Na opinião dele, o imigrante brasileiro que vive nos Estados Unidos tem um perfil diferente do de outros latinos, como os do México e de países centro-americanos. “O brasileiro costuma ter mais escolaridade, muitas vezes, ensino superior e vem de centros urbanos. Foi assim na fase inicial da imigração nos anos de 1980 e continua assim atualmente”, diz.

A dificuldade de ir e vir também aparece nas estatísticas. Uma pesquisa publicada no portal Diga aí – plataforma digital criada por brasileiros que vivem em diferentes partes do mundo com o objetivo de formar uma base de dados das comunidades de imigrantes – mostra que 72% dos brasileiros que moram em Massachusetts (segunda maior comunidade brasileira) nunca visitaram o Brasil desde que saíram do país.

“Dificilmente o imigrante sem documentos arrisca deixar os Estados Unidos e a vida que construiu aqui e lá [no Brasil] – o apoio que proporciona à família – se houver um risco de não poder passar novamente”, comenta o pesquisador Álvaro Lima.

Além disso, os imigrantes que não têm documento convivem com o medo da deportação. Álvaro lembra que há fases em que o governo afrouxa as leis e o controle e fases em que “aperta mais”. Também há mudanças na conduta adotada em cada uma das regiões. Na área metropolitana de Atlanta, por exemplo, a polícia não deporta um imigrante encontrado em blitz de trânsito. Em condados vizinhos, entretanto, há vários relatos de deportações.

O governo brasileiro diz não ter dados precisos sobre o número de imigrantes que vivem nos Estados Unidos. Segundo as autoridades, a dificuldade se explica porque os censos recolhem dados estáticos e o fluxo migratório (de ida e vinda) é variável. Além disso, nem toda migração é legal (autorizada).

O Ministério das Relações Exteriores, entretanto, calcula que existam de 1,3 milhão a 1,4 milhão de brasileiros residentes no país. As maiores comunidades brasileiras estão em Massachusetts, Connecticut, Flórida, New Jersey, Califórnia e Georgia. O Censo norte-americano tem números subestimados a respeito da comunidade brasileira.

O cônsul do Brasil em Atlanta, Hermano Telles Ribeiro, disse que o status migratório não é um fator importante para o atendimento aos brasileiros que vivem nas comunidades nos Estados Unidos. “Nossa preocupação no atendimento à comunidade não é saber se a pessoa tem ou não documentação. Nos preocupamos primeiro com os direitos e deveres que a pessoa tem como cidadã brasileira”, destaca.

A maioria dos brasileiros que vivem nos Estados Unidos trabalha no setor da construção civil, de turismo e serviços ou como domésticos. Há ainda os brasileiros que deixam o país em busca de carreira acadêmica ou convidados por grupos de multinacionais e empresas norte-americanas. “Em menor proporção, alguns brasileiros vêm estudar por um tempo ou por um contrato de trabalho e acabam se estabelecendo definitivamente aqui”, observa o cônsul.

A chegada de brasileiros ao país diminuiu com o maior controle migratório depois do atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 – quando dois aviões atingiram as torres do World Trade Center, em Nova York. A perspectiva econômica ruim no país, pós-crise de 2008, também fez com que a entrada de brasileiros diminuísse.

Hoje, entretanto, os especialistas veem um novo crescimento no movimento migratório. “Com base no que vejo em Atlanta, a maioria dos brasileiros que chegam atualmente é da classe média baixa e vem em busca de melhores condições de renda porque veem, novamente, a economia norte-americana crescendo e uma fase mais difícil na economia brasileira”, disse o cônsul. *Fonte: Agência Brasil

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